domingo, 4 de dezembro de 2011

(USP)Na última assembleia do ano, estudantes decidem manter greve até 2012

Os alunos da USP realizaram a última assembleia geral do ano, na quarta-feira, 30 de novembro. Cerca de 1500 estudantes, reunidos na Prainha da ECA, decidiram entrar o ano de 2012 em greve.

Apesar dos argumentos de que seria necessária uma nova assembleia na segunda semana de dezembro para manter o Movimento Estudantil ativo, os estudantes votaram por encerrar as assembleias e se concentrar agora na recepção aos calouros – até porque o público das assembleias tem sido cada vez menor. “Não adianta [fazer] assembleia com a USP vazia, temos que sair em greve e voltar com uma calourada forte” e “Uma assembleia vazia pode deliberar qualquer coisa” foram os argumentos usados na defesa dessa proposta.
Greve em 2012

O encaminhamento seguinte foi a definição de uma data para a primeira assembleia do ano que vem. Parte dos alunos defendia que os calouros já ingressassem na USP em greve e que a assembleia fosse realizada na semana imediatamente após a da Calourada. “Que os calouros entrem na nossa greve. Se decidirmos manter a luta, que eles entrem na luta” e “A Calourada não pode acontecer em situação de normalidade”, disseram os alunos a favor da proposta. Por outro lado, alguns estudantes defenderam que a assembleia só poderia acontecer duas semanas depois da recepção dos calouros, para que eles tivessem tempo de discutir a greve em seus cursos. “Não podemos decidir, em assembleias reduzidas, pela massa que vai entrar em 2012. Temos que conversar com eles”, argumentaram.

Os alunos decidiram que a assembleia não poderia esperar, e ela foi marcada para a quinta-feira subsequente à semana da Calourada, dia 8 de março, porque “o momento de discussão é a própria semana da Calourada” e a greve não seria “imposta, mas tentaria trazer mais gente para o movimento estudantil”.


Estudantes decidem começar 2012 em greve; a próxima assembleia está marcada para março do ano que vem e contará com a participação dos calouros (foto: Isadora Bertolini Labrada)

Para Ricardo Stanzani, aluno do 7º ano de Arquitetura, a assembleia foi “promissora pelas [definições de] datas para o ano que vem”. “A Assembleia está lotada pra dezembro. Começar o ano em greve também é inédito. É um avanço”, disse Lucas Cacciaguerra, aluno do 3º ano de Física.

Paulo Henrique Bahia, membro do Caell da Letras, disse que o debate não diminuiu nos cursos, mas é natural que a assembleia tenha menos público porque os estudantes estão entrando em férias. “O principal aqui é garantir que realizemos de forma saudável a Calourada, essa vai ser a votação mais polêmica. É um problema porque são 21h50 e não discutimos isso ainda”.
Calourada

O plenário decidiu que a Calourada não seria batizada como “educação não é caso de polícia”, mas que teria os cinco eixos da greve como lema. A opção de não adotar os eixos como lema não foi colocada em questão.

Depois, os estudantes voltaram à discussão sobre qual entidade assumiria a organização da semana de recepção. Na Assembleia Geral da Poli, realizada na semana passada, após uma votação polêmica que foi refeita várias vezes, ficou decidido que o Comando de Greve organizaria a Calourada Unificada, tarefa que geralmente cabe ao DCE.

Na quarta-feira, porém, a mesa recebeu novas propostas sobre a Calourada. Depois de certa confusão entre manter o que já havia sido decidido na Poli ou encaminhar essas novas sugestões, chegou-se a uma votação entre uma Calourada organizada pelo Comando em conjunto com CAs e DCE ou organização do Comando com a participação de um representante de cada CA de cursos que não têm delegados de greve.


Cerca de 1500 estudantes se reuniram na Prainha da ECA; o clima da última assembleia do ano foi tenso, com votações polêmicas e acirradas (foto: Isadora Bertolini Labrada)

A mesa não viu contraste na votação das duas propostas e o plenário teve que se reposicionar: favoráveis à primeira proposta de um lado e favoráveis à segunda do outro. O clima da deliberação foi tenso, com ambos os lados gritando palavras de ordem. Mesmo com a assembleia dividida, a votação foi refeita e saiu vitoriosa a proposta de que o Comando de Greve organizará a Calourada com a colaboração de um representante de cursos sem delegados.
Teto esgotado

O teto de 23h, que havia sido estabelecido no início da assembleia, foi atingido. Porém, faltavam deliberações referentes ao Comando de Greve e ao calendário. Como o plenário votou por não estender o teto, a assembleia foi encerrada e a decidiu-se que as reuniões do Comando definiram o calendário. A próxima reunião do Comado será sexta-feira, dia 02 de dezembro, às 18h, na sala 801 da FAU.

Alguns estudantes ficaram insatisfeitos com a decisão. “Sempre vemos as mesmas disputas entre grupos. Tinha que ter mais uma assembleia. A questão do Comando de Greve está sendo deixada de lado. Em vez de executivo, o Comando está sendo deliberativo, e isso tem que ser trazido para a Assembleia”, disse Leonardo Fernandes aluno do 2º ano de Jornalismo.

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