O comunista, poeta e escritor cearence, Manoel Coelho Raposo, faleceu em Fortaleza no dia 10 de novembro de 2009, pelo agravamento de um enfisema pulmonar. Ao publicar esse documento, em 2004, sua intenção era para que servisse de ánalise, principalmnte para a juventude que hoje é enganada pela direção do "Partido Comunista Revolucionário" (PCR).
CARTA DE AFASTAMENTO
Já fazem mais de 2 anos que existem divergências minhas com algumas questões que norteiam a linha programática do PCR, fundamentalmente com a prática do Partido que se distancia da conduta que deve prevalecer em um partido revolucionário. Entretanto, jamais descumpri com o centralismo-democrático, mesmo amargando o fato de ter que levar a prática certas resoluções tiradas sem minha participação ou voto. Jamais procurei companheiros para formar frações ou grupos, apesar de não ter tido a oportunidade de, com liberdade e tempo necessário, defender minhas idéias.
De maneira oposta, todo comportamento do PCR em relação a mim, é o de contrapor ações grosseiras e contra-revolucionárias às minhas modestas intervenções no cenário político. Contra isso tenho levantado a voz e procurado fazer ver ao Partido o erro político que pratica em relação às minhas divergências, pois adotaram um comportamento aético de disputas pessoais e golpes traiçoeiros, tão comuns no PCdoB, PT e em todos os partidos burgueses.
Teoria e Prática
Na fundamentação do materialismo histórico e dialético, Karl Marx dizia que para conhecer a essência de uma época, assim como a essência de um homem, devia-se estudar a prática social deste homem e não os conceitos que este se faz de si mesmo. Desta concepção materialista, Lênin sistematizou afirmando que a prática é o único critério da verdade. Da mesma maneira, para saber se um partido é ou não revolucionário é preciso analisar a sua prática e não os adjetivos que a si mesmo se imputa. Constar o nome revolucionário em um estatuto ou programa não transforma ninguém, nem nenhuma organização, em revolucionários. Para ser revolucionário é preciso ter uma linha revolucionária que se confirma na prática, pois a prática social é a base sobre a qual se erige uma linha política revolucionária. Um dos métodos mais antigos do oportunismo, é esconder por detrás de uma fraseologia de esquerda sua prática direitista e reformista. Enfim, agitar bandeiras vermelhas para atrair incautos, principalmente jovens, é confundi-los numa prática que, ao fim e ao cabo, é contrária às suas aspirações.