Na contramão dos episódios políticos e fatos que foram causa do início e permanência da greve dos técnico-administrativos das Universidades Brasileiras, deflagrada desde o dia 06 de junho, os Reitores, através da Advocacia Geral da União, ajuizaram ação no Superior Tribunal de Justiça para que o STJ decrete a ilegalidade e/ou abusividade da greve. Mas o Reitor da UFPE foi mais além. Ingressou com pedido de liminar contra o SINTUFEPE para impedir as manifestações grevistas no interior da UFPE. Consegue, inicialmente, o Interdito Proibitório determinando a aplicação de multas diárias pesadíssimas em caso de qualquer manifestação que provoque a “perturbação na Reitoria, ou em outros prédios, administrativos ou escolares”.
Além disso, a administração do Prof. Amaro Lins rompe unilateralmente com os Técnico-Administrativos e se sobrepõe à máxima instância deliberativa da UFPE, que é, ou deveria ser, o Conselho Universitário, que no dia 14 de junho aprovou Nota de Apoio à nossa greve, com o seguinte conteúdo: “Entende também o Conselho Universitário que as negociações relativas ao aperfeiçoamento da carreira e política salarial dos servidores técnico-administrativos em educação das Instituições Federais de Ensino Superior são fundamentais para assegurar a consolidação da expansão universitária e a qualidade dos serviços prestados a sociedade. Diante dos fatos acima expostos, aprova moção de apoio ao movimento nacional dos servidores técnico-administrativos, reconhece a justeza das reivindicações, defende o dialogo permanente e solicita urgente abertura das negociações para que, num prazo o mais breve possível, se chegue a uma solução satisfatória e os servidores possam retornar as suas atividades normais.” Ainda naquela ocasião, o Conselho Universitário assumiu publicamente o compromisso de que não haveria nenhuma retaliação ao Movimento Grevista.
De certo, ao invés de buscar um papel em que figure como mediador do conflito, junto com outros reitores da ANDIFES, a Reitoria assume o discurso dos Ministros da Educação e do Planejamento de que “havia de fato negociações em curso”, mesmo com a existência de um vazio de propostas por parte do governo. Na realidade, ao agir desta forma, o Magnífico Reitor Amaro Lins se solidariza com o Governo Dilma Rousseff, que através do Ministério do Planejamento, na pessoa do Secretário Durvanier Paiva, no dia 21 de julho, informou que não será dado reajuste linear, e não existe política de reposição inflacionária para os servidores públicos em 2012, quiçá também a mesma coisa para o biênio seguinte. O reitor torna-se mais um braço dos tentáculos do governo federal que para sedimentar as novas políticas neoliberais do governo petista, tais como a aprovação do PL 1749, que cria a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares S.A. – EBSERH, dentre outros projetos também deletérios aos servidores públicos, tem que mostrar sua verdadeira face. Prescinde, para cumprir sua meta, tentar silenciar os movimentos sociais, criminalizando-os. É assim que tratam principalmente o nosso movimento paredista que denuncia as suas mazelas. Afirmamos que aqueles que se solidarizam com o governo Dilma no ataque aos servidores e ao Serviço Público concordam com a política de cortes orçamentários para privilegiar o pagamento da dívida pública, que retira recursos orçamentários da Saúde e Educação, para numa conjuntura de constante superávit primário, alimentar os cofres dos banqueiros.
Nunca na história da UFPE, desde os tempos sombrios da ditadura militar, houve um reitor que criminalizasse de tal forma o movimento dos Técnico-administrativos, e pior, agisse se sobrepondo à vontade e expressão do Conselho Universitário. É lamentável que uma gestão que passou oito anos tentando convencer a nossa categoria de ser uma administração democrática, venha agora, após emplacar seu sucessor, mostrar sua verdadeira face reacionária e sua total submissão à lógica privatista do Palácio do Planalto. Interessante que o mesmo discurso de “garantir o direito constitucional do ensino público gratuito à sociedade, a continuidade das pesquisas nacionais nas áreas de ciência e tecnologia, do atendimento em hospitais universitários, e do desenvolvimento econômico e social do país”, não se faz ecoar do outro lado do viaduto contra a política macro-econômica e neoliberal do governo federal, mas contra o movimento paredista que tão somente requer uma proposta para melhoria de piso da tabela salarial, melhorias da carreira, manter direitos conquistados e sair da condição de primos pobres do serviço público.
Assim, os trabalhadores da UFPE, manifestam seu total repúdio à atitude anti-dialógica, anti-democrática e ditatorial do Prof. Amaro Henrique Pessoa Lins para com os trabalhadores dessa Universidade.
Recife, 28 de julho de 2011
Comando Local de Greve
Fonte: Sintufepe PE
Nenhum comentário:
Postar um comentário