O ERECS deste ano trás uma novidade, é a nossa proposta político científica, que traduz o que nos acreditamos por ciência e produção de conhecimento e relaciona-se as concepções de Universidade e Ciências Sociais, que queremos trabalhar no nosso encontro. A chamamos deste modo por acreditarmos que a ciência pode ter um papel importante a desempenhar na sociedade, e nem mesmo a ciência está livre da influência da sociedade em que seus cientistas vivem.
Um dos primeiros debates que nos confrontamos quando entramos na graduação em Ciências Sociais é da distinção entre Ciências Humanas e Ciências Exatas. Se por um lado podemos afirmar que a água ferve a 100°C a 1 atm de pressão, ao nível do mar, aí onde você está e em qualquer lugar do mundo e, quiçá, do universo, o mesmo não podemos afirmar sobre os fenômenos sociais que estudamos, que variam no tempo e no espaço. Isto claro não faz as Ciências Sociais menos científicas do que a Física ou a Química, tão somente atenta para o fato de que o modo que lidamos com nosso objeto é diferente. Mas não só a constância dos fenômenos que estudamos é peculiar, como também a relação pesquisador objeto o é, isso por que ser cientista social nada mais é do que ser pessoas estudando pessoas. Ora, um biomédico que trabalha em laboratório possui todo uma parafernália para evitar contaminar-se com uma cultura de células que ele estuda, e vice-versa. No entanto jamais poderá um sociólogo, antropólogo ou cientista político, deixar sua cultura, hábitos, educação e valores em casa, ao sair para fazer trabalho de campo. O cientista social é naturalmente “contaminado” pelo seu objeto de estudo. O tempo todo a subjetividade está impregnando o nosso trabalho, e influenciando a nossa forma de exercer nossa ciência. Roberto da Matta*, dá um exemplo interessante, ele diz que um biólogo que estude as baleias pode tirar as mais diversas conclusões sobre a vida destes animais, que jamais chegará uma baleia para discordar de sua pesquisa. O mesmo não se pode dizer sobre os cientistas sociais, já que o objeto pode ser o próprio pesquisador, alguém que estude raça/etnicidade e seja negro ou índio, perceberá o objeto diferente de outro que seja branco ou asiático. Então a posição que tomamos no ERECS, é de assumir a subjetividade da produção do conhecimento nas Ciências Sociais, e que isso não torna a nossa pesquisa menos séria, pelo contrário, deixamos de tapar o sol com a peneira. A nossa proposta é que nas atividades acadêmias do encontro além de discutirmos, na apresentação e debate de nossos trabalhos, os itens tradicionais de metodologia, marco teórico, desenvolvimento, hipóteses e conclusões, também atentemos para essas questões mais subjetivas. Por que você se interessou por este tema? Quais foram suas vivências com ele? O que ele mudou na sua forma de perceber a realidade social? O que você pôde aprender com seu objeto? E o que seu objeto pôde aprender com você? São algumas perguntas interessantes a serem colocadas durante as apresentações. Um vez que somos pessoas que estudam pessoas, uma vez que temos hábitos, tradição e cultura e igualmente estudamos hábitos, tradição e cultura, é impossível que essas questões não tenham influência na produção de nosso conhecimento.
Outro ponto que nos orienta é a priorização da interação ante a mera exposição da informação. Hoje vivemos em tempos de grande desenvolvimento dos meio de comunicação, principalmente da internet, de maneira que acreditamos que se é para ser ter o mero conhecimento do que foi produzido pelo outro, existem inúmeras facilidades para isso: podemos baixar artigos pelo Scielo, entrar em contato por e-mail com o pesquisador para termos acesso a algum relatório, enfim a tecnologia tem nos ajudado imensamente na obtenção de informação. No entanto, nós da comissão organizadora do II ERECS NE, estamos tendo um grande trabalho e empenho de energia para poder reunir todos estes estudantes de Ciências Sociais.Ora, se temos tantas formas e meios de meramente expor e obter uma informação, vamos aproveitar que estamos no mesmo espaço físico, ao mesmo tempo, para interagir! Não queremos que você venha apresente seu trabalho, pegue seu certificado e vá embora, pra depois postar no seu Lattes. No ERECS teremos a oportunidade de encontrar estudantes de Ciências Sociais de outros estados e poder compartilhar experiências e aprender, conhecer o que se vem produzindo em outras universidades e trocar contatos. A C.O. tomará providência para que os erecsianos tenham acesso aos trabalhos apresentados, então vamos aproveitar este momento em que estamos todos juntos para interagir e nós conhecer. Outra coisa que cabe destacar é que, fora os encontros estudantis, na esmagadora maioria do eventos de Ciências Sociais, os graduandos dificilmente apresentam trabalho em GT, ficando relegados a poster, e é justamente no GT que nos reunimos para discutir nossa produção científica, daí outro motivo para valorizarmos esse momento.
Eis, então, a nossa proposta político científica, o norte que orientará as apresentações dos trabalhos no II Encontro Regional de Estudantes de Ciências Sociais Nordeste, gostaríamos que quando você estiver organizando a sua apresentação, pensasse nessas ideias!
*DAMATTA, Roberto. 1997. Relativizando: uma introdução a Antropologia Social. 5ª edição. Rocco. Rio de Janeiro – RJ.
Envio de trabalhos
17/03 a 03/04 para trabalhoserecs2011@gmail.com
Resultado: 10/04
Formatação
Folha A4, Times New Roman, tamanho 12, espaçamento 1,5 entrelinhas. Capa: universidade, curso (bacharelado ou licenciatura e ênfase, caso exista), nome, período e orientador (caso exista), resumo de 10 linhas no máximo e três palavras chaves. Mínimo de 10 e máximo de 15 páginas, sem contar referências bibliográficas e capa. Para referências bibliográficas consultar as normas da Revista Brasileira de Ciências Sociais, da ANPOCS
Porque um prazo tão curto? E já tem de enviar o trabalho? =O
Como já deu pra perceber o ERECS tem uma proposta acadêmica diferente. Uma das práticas que queremos combater é justamente a do trabalho por “encomenda”. Sabemos que há no meio acadêmico uma grande valorização a produtividade, o que não é ruim de todo, porém, pensam alguns, que isto se expressa em um lattes extenso e com muitas publicações, o que ao nosso ver acaba privilegiando quantidade à qualidade. Então, não é que não valorizamos os que se dedicam a fazer florescer as Ciências Sociais, mas o que não queremos é trabalhos apresentados meramente para encher a “linguiça latteana”. Assim, quem já tem o trabalho pronto, ou mesmo semi-pronto, fruto de um desenvolvimento feito com calma e dedicação, não tem com o que se preocupar, no máximo fará alguns ajustes, e nos eviará. O que não queremos é trabalhos feitos a toque de caixa, unicamente para serem apresentados e postados no currículo Lattes.
Mediadores
Nos grupos de apresentação de trabalhos, GTs, sempre se tem a figura do mediador, que é quem coordena o funcionamento do grupo. No ERECS queremos privilegiar a participação estudantil o máximo possível, pois como já dissemos, é onde podemos protagonizar mais. Assim, estamos abrindo também inscrição para mediadores de GT. Para se inscrever você deve nos enviar uma proposta, colocando em ordem decrescente de afinidade/interesse, pelo menos dois temas a que se propõe mediar. Na sua proposta você deve colocar suas experiência com o tema, seu acúmulo, aprendizado, por que se interessa por aquilo, o que você tem de ideia para o funcionamento do GT. Lembre-se sua proposta deve estar em sintonia com a proposta político científica do ERECS. A C.O. irá cruzar os trabalhos recebidos com sua área de afinidade para você lê-los antes.
Formatação: No máximo 1 lauda de A4, Times New Roman, tamanho 12, espaço entrelinhas de 1,5. No cabeçalho: nome (no máximo três proponentes), universidade, curso(bacharelado ou licenciatura e ênfase, caso exista), período e pelo menos dois temas de interesse em ordem decrescente de afinidade/interesse.
Envio de propostas: 17/03 a 03/04 para mediadoreserecs2011@gmail.com
Resultado e envio dos trabalhos para os mediadores: 10/04
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