sexta-feira, 18 de março de 2011

PREFEITURA EXPULSA VIOLENTAMENTE AMBULANTES DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS

Hospital da Restauração, edifício Holliday, pracinha de Boa Viagem, rua 7 de Setembro e, agora, hospital das Clínicas. Seguindo a política de higienização da PCR (Prefeitura da cidade do Recife), em diálogo direto com as demandas da Copa do Mundo de 2014, mais um território da cidade foi varrido e vários trabalhadores e trabalhadoras jogados no lixo.
A perseguição aos ambulantes não é isolada. Ela acontece ao mesmo tempo em que favelas são removidas e UPP’s instaladas no Rio de Janeiro, quando vários moradores são desalojados em Fortaleza, entre vários outros exemplos em todo o Brasil. Assim como na África do Sul às vésperas da Copa do Mundo de 2010, percebemos que o Brasil intensifica sua perseguição à pobreza e às organizações populares.
Voltando ao ocorrido, na manhã de ontem quase todos ambulantes foram surpreendidos com a chegada de um grande aparato policial por volta das 8:30. Baseando-se numa notificação feita há mais de um ano, a ordem era destruir o trabalho de mais de 20 famílias que ocupavam as calçadas do Hospital das Clínicas e garantiam alimentação para pacientes e funcionários há mais de 2 décadas. Dos comerciantes dessa área só um garantiu seu ponto de trabalho pois havia contratado um advogado isoladamente e conseguiu um “mandato de garantia de posse”.

A ação contou com a Polícia Rodoviária Federal e sua tropa de choque, o DNIT, a DIRCON e teve o apoio da prefeitura da cidade do Recife. Como de praxe a ação policial foi violenta e ilegal. Ao perceberem que os policiais não tinham os documentos necessários para efetuar o despejo, homens, mulheres, crianças, advogados e estudantes tentaram fazer um cordão para impedir a destruição das barracas. Também alguns entulhos foram colocados na via a fim de interditá-la e chamar atenção para a ação truculenta da polícia.
Sem hesitar a tropa de choque atirou balas de borracha indiscriminadamente, bombas de gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral. O saldo foi mais de 10 feridos e cerca de 20 barracas destruídas. Alguns dos ambulantes chegaram a levar mais de 4 tiros, uma adolescente foi atingida e até a advogada dos ambulantes também feriu-se. Além disso a maioria dos tiros foram cruelmente disparados na região acima da cintura, quando no uso de armas não-letais deveria-se atirar só para intimidar ou visar as pernas. Já a polícia mente descaradamente alegando que revidou a agressão dos ambulantes e que as pessoas só foram atingidas porque se movimentaram, pois eles não visaram ninguém em especial.
Como ainda existem outros pontos de “comércio informal” ao redor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), esse foi o primeiro ataque aos ambulantes que trabalham na localidade. É preciso alertar que outros ataques virão. A fim de resistir e garantir seus pontos de trabalho vários ambulantes já estão se organizando e necessitam de todo apoio possível.


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