quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A Verdurada mostrou o seu poder. A força da iniciativa coletivo-lúdica



A Verdurada mostrou o seu poder. Em sua 5º edição recifense, a festa pretende instalar o clima de autogestão. Quase sempre o Hardcore: o cenário sonoro de uma mensagem direta que quer ser dita. Não precisamos do estatuto de arte, ou de música. Pouco importam as categorias conhecidas e institucionalizadas, o hardcore é o grito seco, cortante e, sobretudo, horizontal. Nos autênticos shows do underground, a banda se confunde com o público, não existe reverência, não existe “o grande artista”. 

Iniciativa e produção da Oxenti Records e do Elo Coletivo, a 5º Verdurada começou com o documentário “A revolução dos Cocos” que fala sobre um conflito armado entre o governo da Papua Nova Guiné e o movimento pela independência da ilha de Bougainville. Até aí o público estava disperso. Depois vieram as bandas Rabujo, Come Alive (PB), Como Desistir, Dispor (BA) e Libellula. Livros anarquistas à venda pelo Difusão Libertária, material de bandas, etc. Do grave ao ruído estridente, a música rápida se fez presente e resistente. 

Entre uma banda e outra, o Revocultura iniciou o previsto debate “Vida além do consumo”. No início, o público ainda disperso, o microfone falava sozinho, mas algo fez diferença no cenário: a comida. O jantar vegano estava sendo servido, cada um (a) com seu pratinho foi-se aquietando e sentando no chão, Muito barulho lá fora, tinha um Maracatu na esquina, mas uma galera enchia a barriga com atenção ao que se falava. 

O ser humano íntegro, desfragmentado , totalizado é aquele que come, bebe, socializa, dorme, brinca, sorri, cria, chora, dança, pinta, produz e canta. Respeitar a sua subjetividade, o complexo de suas necessidades, das fisiológicas às metafísicas, pois o humano contém o universo em si. À hora de comer despertou a disponibilidade de escutar. O ser humano íntegro venceu. 

O sujeito político e o sujeito pessoal não se separam. Dissociar essas duas facetas da vida humana é como separar o trabalho (que deve ser ação criativa) da vida social e quanto mais a produção humana se distancia das verdadeiras necessidades do indivíduo, mais ela se torna alienada. O microfone da 5º Verdurada não circulou tanto como seria um debate, mas as falas tentaram nutrir, a favor da autogestão, da congregação, do “façamos nós mesmos”.

2 comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...