No dia 20 de janeiro de 2012, os manifestantes, em passeata pacífica, foram alvo de uma não justificável represália da Polícia Militar - PM. Dispersos e desorientados, diante da surpreendente truculência policial, decidiram se reagrupar em solo federal, a FDR, onde a PM supostamente não possui jurisdição e não poderia entrar. Pensamento vão, pois o que ocorreu foi mais um ataque aos direitos inalienáveis do cidadão. O Batalhão de Choque lançou bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, spray de pimenta e tiros de bala de borracha para dentro do solo federal, alvejando os manifestantes e ferindo um direito básico de protestar e manifestar-se em vias públicas[1].
Passado o primeiro ato contra o aumento das passagens, nós, estudantes da UFPE, esperávamos uma resposta adequada dos representantes da instituição, em sua figura o reitor Anísio Brasileiro, mas nada ocorreu além do silêncio.
No segundo ato, 23 de janeiro de 2012, nova passeata, mais uma vez pacífica, mais uma vez repreendida pela força policial[2]. Boa parte dos manifestantes acuados resolveram se dirigir à FDR, porém se depararam com os portões fechados e a segurança interna – GTO e TKS –, mesmo inteirada com o contexto, afirmando que ninguém poderia entrar. Ao que parece, o até então silêncio de nosso ‘magnífico’ reitor fora respondido.
Estes acontecidos nos deixam temerosos quanto ao futuro da instituição. Essa que, ao invés de trazer contribuições efetivas para a nossa sociedade, vem servindo, geralmente, apenas para ascender economicamente uma juventude que está fadada a reproduzir as idéias da classe dominante.
Somos estudantes de uma UFPE que não se preocupa em manter sua autonomia frente às crescentes intervenções do mercado e Estado[3], e que vem perdendo o seu poder de crítica em relação aos erros e às mazelas existentes na sociedade pernambucana.
A UFPE vem se constituindo como uma instituição que não hesita em se omitir. Omite-se na formação de seus universitários, gerando uma juventude acrítica e passiva frente às desigualdades sociais. Omite-se quanto à interferência do estado, tornando-se conivente com a presença da Polícia Militar na FDR, em ato claro de opressão e controle, criminalizando as manifestações de insatisfação com o Estado. Omite-se quando não repudia as agressões aos direitos cívicos profanados em sua própria jurisdição, abrindo precedente para interferências ainda mais graves que as relatadas aqui.
Reitor Anísio Brasileiro, o seu silêncio condena o senhor e a UFPE, pois vemos a supressão de um dos poucos espaços em Pernambuco onde ainda (?) existe a liberdade de expressão e a consciência de que manifestar-se não é crime, mas sim um direito.
[1] http://www.youtube.com/watch?v=0fdoLnVfjxw
[2] http://www.youtube.com/watch?v=s1kskdk11bs
[3] http://www.ufpe.br/agencia/index.php?option=com_content&view=article&id=41462%3Aufpe-homenageia-personalidades-e-instituicoes-com-medalha-comemorativa&catid=33&Itemid
[2] http://www.youtube.com/watch?v=s1kskdk11bs
[3] http://www.ufpe.br/agencia/index.php?option=com_content&view=article&id=41462%3Aufpe-homenageia-personalidades-e-instituicoes-com-medalha-comemorativa&catid=33&Itemid
Assinam essa carta alguns estudantes da UFPE.
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