sábado, 28 de janeiro de 2012

E isso tudo era pra ser um protesto pacífico. (meu depoimento)


 
(Depois do murro)

Eu sou Otávio Figueirêdo Carvalheira, tenho 20 anos e sou estudante de música da UFPE. Infelizmente, no protesto realizado na segunda-feira, dia 23 de janeiro de 2012, eu fui agredido por um policial injustamente e aqui eu vou relatar todo o ocorrido.

Depois de nós, os manifestantes, termos parado no cruzamento da Rua da Soledade com a Av. Conde da Boa Vista, no momento houve boatos que o Batalhão de Choque estava vindo em direção a nos, vindo por diferentes vias com o intuito de cercar-nos. Permanecemos por vários minutos lá até percebemos que a situação estava completamente fora do nosso controle e os policiais estavam “atacando” quem eles quisessem.

Quando percebi que isso estava acontecendo, eu entrei na Rua da Soledade na direção oposta dos carros e vi muito tumulto na área. Logo depois em que vi um policial levando uma menina covardemente dando uma gravata nela indo pelo meio dos carros, eu presenciei uma cena muito inquietante: um policial jogando muito spray de pimenta em um rapaz. O manifestante correu, obviamente, mas o policial não achou suficiente e começou a corre atrás dele também. Nesse momento, eu fiquei indignado com a reação desnecessária do policial, abusando do seu poder, e, de repente, o rapaz entrou no meio dos carros e passou do meu lado. Eu me senti na obrigação de tentar impedir aquela covardia que estava acontecendo e pedi sem me exaltar para o policial parar de jogar spray de pimenta nele porque não havia necessidade. Foi ai em que eu levei um empurrão desse mesmo policial e caí em cima do capô de um carro, quando eu me virei, eu falei pra ele: “calma ai, não tem pra que isso não!”, e para a minha surpresa, depois de já ter jogado spray de pimenta em mim também, ele me deu um soco no meu rosto. Na hora eu só vi os meus óculos voando e caindo no meio-fio que estava cheio de água, poucos segundos depois o meu nariz começou a sangrar muito! Pessoas ao redor ficaram tão indignadas quanto eu e tentaram me ajudar. Perguntei para alguns policiais se isso que fizeram era mesmo necessário, mas nenhum deles queria sequer olhar direito na minha cara. Fui para uma casa perto que me acolheu e pude lavar o meu rosto ensanguentado.

Lembro o rosto do policial que me agrediu e queria que alguém nessa história fosse penalizado, do jeito que está não pode ficar!

Ainda na tarde desse dia, eu fui a algumas delegacias e consegui achar a mais adequada para fazer o Boletim de Ocorrência, que foi a 2ª Delegacia da Boa Vista na Rua Gervásio Pires, e depois segui para o IML para fazer o exame de corpo de delito que, depois de ser examinado, o médico fez o laudo e mandou para o delegado.

Queria mencionar aqui também a reação de alguns funcionários das delegacias em que fui e do próprio médico que me atendeu. Todos ficaram (que nem eu) achando isso uma pura falta de respeito e um abuso de autoridade da parte do policial que me agrediu.

Na terça feira, fui a um otorrinolaringologista e ele pediu para que eu fizesse uma tomografia da minha face para saber se houve alguma parte fraturada. Consegui marcar o exame para quinta-feira (26) à tarde e espero que não tenha sido nada demais, apesar do médico achar que provavelmente deve ter quebrado. O meu nariz hoje (25) está inchado, muito dolorido e ainda sai sangue de vez em quando.

Um comentário:

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