terça-feira, 27 de setembro de 2011

POR UNA NUEVA NORMALIDAD

Casa Central (administraçao, reitoria), Universidad del Chile

Casa Central (administraçao, reitoria), Universidad del Chile

 Edifício da Faculdade de Artes, Universidad del Chile


Frente da Faculdade de Artes, Universidad del Chile

Frente da Faculdade de Artes, Universidad del Chile



 
A Faculdade de Artes da Universidade do Chile está envolvida com as mobilizaçoes nacionais em torno da educaçao desde 1º de junho, quando, por iniciativa estudantil, paralizou suas atividades e agora encontra-se ocupada pelxs alunxs. No centro de Santiago, o edifício compreende os cursos de dança e habilitaçoes em música, com 800 estudantes matriculados – o campus é descentralizado, provavelmente construído assim para nao promover a articulaçao do movimento estudantil.

Há mais de 2 semanas, a Faculdade de Artes está ocupada e apresenta reivindicaçoes de diversas ordens, desde o fim de um sistema educacional que torna a populaçao refém dos bancos – os cursos sao pagos até nas faculdades ditas “públicas” e através de créditos que tornam xs estudantes endividados por toda a vida – até reivindicaçoes de ordem interna em torno da gestao do espaço universitário e produçao de conhecimento.

Estudantes entregaram uma carta de título: “Condiciones hacia una nueva normalidad” às autoridades com propostas edificadas em cima de 3 eixos: Exploraçao Artística Crítica, Vinculaçao Social e Triestamentalidad. Esta última se baseia em princípios claramente autogestionários. Fala de uma nova política que compreende uma tentativa de gestao horizontal entre os 3 estamentos da comunidade universitária: estudantes, professorxs e técnicxs, tratando esta relaçao como uma instância de produçao de conhecimento a partir do pressuposto de que cada estamento constitui uma "comunidade educativa".

A Vinculaçao Social considera que a atividade curricular deve estar intimamente ligada ao meio social, tanto em seus conteúdos, quanto em suas práticas. A proposta de Exploraçao Artística Crítica diz que:

"Nao podemos entender a universidade, nem muito menos a experiência estética, como instâncias da vida do ser humano nas quais a exploraçao crítica esteja ausente, pois do contrário nos limitamos a reproduzir sistemas e estruturas sem tomar a iniciativa em nossa própria construçao de mundo. Mais ainda, em um momento histórico como o presente, quando há uma sociedade defasada por uma péssima educaçao que revolta e reproduz as diferenças sociais, a exploraçao crítica representa uma possibilidade para desenvolver aspectos do ser humano que o liberem, que o aproximem à coletividade desde o pleno conhecimento de sua individualidade."

A ocupaçao segue, cerca de 150 pessoas circulam durante o dia. A Casa Central (foto acima) e a FAU, (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Univ. del Chile) também estao ocupadas. Escolas "públicas" e privadas estao tomadas pelos adolescentes. A experiência de ocupaçao promove a convivência comunitária entre seus membros, posto que se poem em experiencia de autogestao, dividem os trabalhos de limpeza, tomam decisoes em assembleias constantes, além de uma agradável e rica convivência repleta de música a todo instante. Algumas assembleias começam ao som de um piano e os ingredientes do almoço coletivo sao comprados com o dinheiro que conseguem fazendo som na rua. Há música em todos os andares do edifício.

A vivência comunitária promovida pela autogestao preenche o vazio que a sociedade capitalista abriu em nós e nos tornou escravos do trabalho nao criativo e fragmentado. Reduziu nossa sensibilidade estètica às armadilhas da televisao e nossa ânsia de sobrevivência ao consumo. Que sigam as ocupaçoes, que sejam experiências de apropriaçao coletiva do espaço e de fundaçao de uma nova cultura. Por uma arte livre, a favor de uma política educacional sem lucros, estudantes do Chile construindo uma nova normalidade.

[pequeno relato recifense-libertário no Chile]

3 comentários:

  1. Só essa coisa de a gestão ser dividida em 3 "estamentos" - estudantes, professores e técnicos - é q eu acho estranho. Uma pq eu n sei d q serviria um técnico, ou seja, um profissional da burocracia, num sistema autogestionado. O melhor n seria que estudantes e professores dividissem tais tarefas? Mas esse ponto é bem nebuloso pra mim. Outra q eu acho q os trabalhadores de fora da universidade, que garantem a subsistência material da comunidade acadêmica, deveria ter voz e voto, e n depender da boa vontade da vanguarda estudantil.

    ResponderExcluir
  2. o trabalho criativo e autogestionário é um grande desafio. a questao de "dar voz" a técnicos, por ex, está sendo encarada como um primeiro passo. na estrutura burocrática cristalizada que temos nas instituiçoes é impossível destruir a hierarquia de uma vez só, tanto por uma questao cultural nossa, tanto por considerar que seria anti-estratégico a exigência de uma estrutura absolutamente autogestionária dentro de uma universidade, as autoridades provavelmente rejeitariam no primeiro momento. xs estudantes reivindicam em suas propostas a criaçao de comissoes e planos de trabalho e de discussao que a princípio demandam muito esforço e trabalho cotidiano em torno da desconstruçao de um modelo verticalizado. uma vez posta uma nova cultura de escuta às "comunidades educativas", cargos e funçoes da instituiçao serao conhecidos e assim será possível rumar para uma reelaboraçao e divisao de trabalho dentro de um plano "desalienante" de fato. vamos ver!

    ResponderExcluir
  3. http://es.scribd.com/doc/66710231/Carta-proposta-da-faculdade-de-artes

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...