sexta-feira, 13 de maio de 2011

Voina - Colectivo artístico



No passado mês de Dezembro, Bansky declarou que o lucro proveniente da venda dos seus posters seria doado ao VoinaColectivo de Anarquistas Russos. Voina  é actualment conhecido por desenhar um caralho gigante numa ponte do outro lado da rua dos antigos escritórios da KGB e por instigarem um bacanal dentro de um museu (imagem acima). A Don’t Panic falou com o grupo (metade deles ainda a partir da prisão).
Voina (ou Guerra) é um colectivo de artistas que desafia constantemente o governo Russo no que concerne algumas questões políticas relacionadas com atitudes governamentais pró-homofobia, racismo e totalitarismo. Fazem-no através de arte provocatória na Rússia.
Dois membros do Voina, Oleg Vorotnikov e Leonid Nikolayev estão detidos à mais de um mês na Prisão de São Petesburgo sob falsas alegações e aguardam julgamento sob acusações de vandalismo por uma intervenção passada.
 A Don’t Panic foi falar com eles mas os outros dois artistas Alex Plutser-Sarno e Natalia Sokol enviaram as suas declarações a partir de um apartamento secreto onde se escondem da polícia.  
DP - Podem se apresentar e falar-nos um pouco da estrutura por trás do vosso colectivo?
 Alex Plutser-Sarno:  Neste momento o centro da estrutura Voiuna é uma parede altamente impenetrável na prisão de St. Petesburgo, por trás das quais dois artistas, Oleg Vorotnikov e Leonid Nikolayev, desvanecem lentamente... Como devem calcular uma prisão russa é um inferno!
Ainda em fuga, Natalia Sokol continua a coordenar o grupo e eu continuo a fazer trabalhos de media, escrevo concepções e textos e as acções são publicadas no meu blog. Há outros activistas do grupo que fazem trabalho importante, mas os seus nomes serão mantidos em segredo, de outro modo a louca ala-direita do governo russo e as suas autoridades irão prendê-los.
Natalia Sokol: A base do grupo Voinsa e a sua estrutura está em completa sintonia com os direitos dos activistas e estamos abertos à entrada de novos activistas. O nosso colectivo é um grupo “artistico-punk-anarca”.
 DP - Qual é a filosofia intrínseca ao vosso colectivo?
 AP-S: Cada activista do grupo tem a sua filosofia. No aspecto político nós simpatizamos com os anarcas, com socialistas e em geral com todos os activistas da ala esquerda. Mas acima de tudo somos artistas – não somos políticos ou filósofos.
 Através da nossa arte e métodos artísticos destruimos as ideologias e simbolismos repressivos de outrora.
 Oleg Vorotnikov: Na Rússia criámos uma frente de ala esquerda artística e queremos reactivar a arte de protesto político.
 Leonid Nikolayev: O nosso colectivo artístico está a combater a reacção do obscurantismo sócio-político da ala direita. 

 DP - O que é para vocês a anarquia e como pode ela tornar a Rússia um melhor local para se viver?
 N.S.: Com todos os seus ideais utópicos a Anarquia é a única forma de poder honesta e destemida que pode existir.
 A.P-S: Exactamente! Respeito aos anarquistas
 Mas a Rússia não será um melhor local para se viver enquanto o petróleo e o dinheiro da gasolina estiver a entrar. Nos próximos anos será um local de pilhagem de recursos naturais comprometido por grupos de burocratas traidores e desonestos acompanhados de outros lobos vestidos de cordeiro.
 DP - Onde é que o Voina se situa nas tendências actuais da arte contemporânea e no contexto da ciência política e de direitos humanos?
 A.P-S: Acima de tudo a arte é... uma forma de pensar e ter a capacidade de olhar para este mundo louco a partir de um novo ponto de vista. Para não falar dos direitos humanos que são violados e crucificados por todo o mundo. Assim sendo continuaremos a espalhar a nossa mensagem.
 O.V.: Hoje em dia a linguagem artística é o único instrumento para entender o disparate xenófobo e caótico que nos rodeia. Através das nossas acções nós pintamos o retrato deste mundo louco. E claro, queremos fazer com que o mundo receba e entenda a nossa mensagem... nem que para isso fiquem chocados.
 Por exemplo, o nosso Fuck for the heir – Medved`s little Bear! na noite da eleição de Medvedev – foi o retrato da pré-eleição russa onde, metaforicamente, todos se fodem uns aos outros.
 L.N.: A linguagem da nossa arte é, de facto, capaz de resistir à onda da ala direita. Quando o nosso Caralho na ponte – com 65 metros de altura por 26 de largura com 4 toneladas – de Liteyniy rompeu pelas janelas dos escritórios do FSB-KGB as autoridades russas não tiveram resposta a não ser prenderem-nos sob acusações falsas.

Caralho capturado pela KGB – Um pénis gigante desenhado numa ponte em São Petesburgo do outro lado da rua dos escritórios do KGB
DP - Podes caracterizar as ideias por detrás de algumas das vossas concepções?
 L .N.: O principal para o artista é ser honesto e não se comprometer. Na Rússia torturam pessoas e executam-nas – as prisões estão cheias de dissidentes. A xenofobia e a homofobia reinam. Uma nova sociedade esclavagista impera. Os polícias batem e matam pessoas. E cá estamos nós a aguentar a pressão e em acção com o Palace Revolution virando carros da polícia de rodas para o ar. Essa foi a nossa reforma artística do Ministro dos Assuntos Internos.
 
Palace Revolution, após a qual Oleg e Leonid foram detidos
 O.V.: Ou por exemplo, no Dia da Cidade de Moscovo, o colectivo Voina entrou no maior supermercado da cidade, Auchan, e como forma de protesto simulou o enforcamento de 3 trabalhadores asiáticos, 1 judeu e 1 homossexual. A intervenção foi um presente para o corrupto Mayor de Moscovo que pretende uma política de misantropia e violação dos direitos humanos. Realizámos esta intervenção em honra e comemoração dos 5 Revolucionários Russos enforcados em 1826.
 Daí o facto da intervenção ser intítulada “Comemoração dos Dezembristas”. Queríamos que os Russos recordassem os ideais de liberdade que moveram os primeiros revolucionários do país. 

Comemoração dos DezembristasUm presente para Yuri Luzhkov
 A.P-S: Quando o o curador Andrei Yerofeyev foi acusado de fomentar o ódio religioso e étnico, de insultar a dignidade humana ao organizar uma exposição e foi levado a tribunal, o colectivo Voina entrou pelo tribunal interpretando um novo tema All Cops are Bastards do álbum Fuck the Police Those Motherfucking Bosses. A ideia era simples, uma intervenção honesta e descomprometida. 
DP - O que pensas de um comentário acerca do activismo ou arte radical na Rússia?
N.S.: Arte contemporânea é acima de tudo, para nós, uma arte de activismo e não a arte de “treta” guardada nas galerias. Hoje em dia o activismo é a única forma de arte de esquerda, que é o que queremos re-activar na Rússia. É importante perceber que não há arte radical na Rússia a não ser a que está representada por uma dúzia de artistas.
 A.P-S: Arte-anarco-activista é a única actividade artística viva na Rússia. Hoje em dia, quando a esperança pela chegada da democracia à Rússia está arruinada, desenhar flores e gatinhos ou outro tipo de arte puritana sem qualquer tipo de mensagem socio-política é estar a apoiar a ala de direita.
 Está claro que o símbolo do anarcismo – tíbias e caveira – tem que ser pintado no prédio do parlamento Russo. Foi o que fizémos. A nossa projecção laser com quase 50 metros de altura a cobrir quase toda Casa Branca de Moscovo.
 Storm of the White House em que foi projectada a marca anarquista no Parlamento Russo
 DP - Qual é a sensação de se ser preso por um polícia Anti-Extremista Russo?
 O.V.: Pode-se dizer sem qualquer hesitação que a retaliação da ala direita Russa está a fundo.
 L.N.: O VOINA fez um teste ácido às autoridades e eles fraquejaram.
  DP - De que são acusados Oleg Vorotnikov e Leonid Nikolayev?
 N.S.: Oleg Vorotnikov e Leonid Nikolayev foram presos ilegalmente. As pessoas que entraram pelos seus apartamentos não tinham mandato de captura. Tudo foi feito ao estilo Estalinista de 1937.
 Depois os artistas foram algemados e levados com sacos de plástico na cabeça e levados no chão de um mini-bus numa viagem de 10 horas entre Moscovo e São Petesburgo.
 Os prisioneiros (artistas) foram então agredidos com cadeiras. Oleg Vorotnikov tem hematomas dentro e à volta da cabeça e rins. Estes acontecimentos estão registados pelos advogados dos direitos humanos, que visitaram os artistas presos na ala de isolamento duas semanas após a detenção. As nódoas negras e feridas foram tão intensas e graves que não desapareceram após as duas semanas de isolamento.
 A.P-S: Agora Olega e Leonid são acusados de “fomentar o ódio e repúdio junto de um grupo social” nomeadamente a polícia. Eu, enquanto artista principal do colectivo, sou acusado de organizar e liderar uma comunidade criminosa – o Voina, colectivo artístico. Esta acusação acarreta prisão de 12 a 20 anos.
 Ambos os meus avôs estiveram detidos em campos de concentração por 22 anos durante o regime de Estaline. Dúzias dos meus parentes morreram nos campos de concentração em Auschwitz e no Gueto de Varsóvia. Cumprir 20 anos de prisão por activismo artístico sob o regime de Putin é demais para a minha família.
 DP - O que é o Free Voina e o que podem as pessoas fazer para ajudar a libertar os dois artistas Oleg Vorotnikov e Leonid Nikolayev?
 N.S.: Free Voina é um grupo de artistas Russos independentes e honestos que começaram a desenvolver acções de apoio para Voina. Encetam acções de protesto e qualquer pessoa pode juntar-se ao site que criaram para apoiar a causa dos artistas oprimidos.
 A Don’t Panic está cá para ajudar este artistas! E tu?  

O diário dos acontecimentos pode ser seguido aqui:
 Para ajudar os Voina visita - http://en.free-voina.org/.

fonte:http://www.dontpaniconline.com/

Um comentário:

  1. Que merda, vcs não tem o que fazer não bando de vagabundo, vandalos do caralho!!!

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