quarta-feira, 9 de março de 2011

Nota pública do Diretório Central dos Estudantes da UFRGS sobre o dia 08 de março


Neste ano, o dia 08 de março caiu no meio dos festejos do Carnaval. Apesar desta ser a festa popular mais comemorada no Brasil, não podemos deixar de lembrar a importância histórica da data para a luta das mulheres no mundo todo, pois o Dia Internacional da Mulher é muito mais um dia de lutas e conquistas do que de celebrações.
Desde sua instituição em 1910, o Dia Internacional da Mulher deve ser celebrado como o dia das lutas femininas pela igualdade de gênero, e tem como suas principais bandeiras os direitos trabalhistas, políticos, sexuais e reprodutivos das mulheres. Se ainda não recebemos o mesmo salário pelas mesmas funções exercidas pelos homens, se a nossa participação política ainda é pequena devido ao preconceito, se não temos os mesmos direitos de liberdade sexual garantidos aos homens, é porque as conquistas de outrora não são suficientes para garantir a igualdade de gênero hoje.
Vimos no último mês uma série de revoluções nos países árabes em que o protagonismo das mulheres foi bastante importante para a queda de ditaduras de mais de 20 anos. Se “a liberdade de um povo se mede pela liberdade de suas mulheres” (Karl Marx), a imagem das árabes que conseguiram tirar suas burcas depois de tantos anos de repressão foi emocionante. Ainda assim nem todos os direitos estão garantidos, ainda mais numa sociedade bastante machista como a islâmica. É preciso seguir nas lutas pelos direitos do povo nestes países, para que estas revoluções sigam sendo reais e verdadeiras em suas bandeiras de liberdade e também de igualdade.
Enquanto isso no Brasil o ascenso da primeira mulher à presidência do país não foi o suficiente para elevar esse índice de igualdade. Desde o início de seu governo, Dilma Roussef não só não garantiu a pauta prioritária das mulheres, como também atacou as principais áreas sociais que as beneficiava. O corte de R$ 50 bilhões do orçamento federal atinge em cheio áreas como a educação, que tem 83% da força de trabalho feminina. Isso sem contar com o pífio aumento do salário mínimo para R$ 545 proposto pela presidenta, enquanto seu próprio salário aumentou 133%!
Nas Universidade brasileiras ainda sofremos com o preconceito e a discriminação, vide os exemplos recentes do “Rodeio das Gordas” da Unesp e da hostilidade com um vestido considerado curto na Uniban. Este tipo de atitude ainda acontece no Brasil, onde a maior parte dos estudantes do Ensino Superior são mulheres! Essas verdadeiras violências, que pressupõem uma lógica de que deve existir um padrão de corpo e de comportamento para as mulheres, devem ser combatidas com vigor para que novos casos não voltem a acontecer.
O Diretório Central dos Estudantes da UFRGS, através da sua coordenadoria de mulheres, saúda o dia 08 de março como um dia de reflexão sobre as conquistas e principalmente sobre as lutas que ainda temos a enfrentar. Através de inúmeras atividades, esperamos poder contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, especialmente no que tange os direitos das mulheres.
As nossas lutas são, como dizia Rosa Luxemburgo, por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...