conseguiram adiar a ação de despejo para a primeira quinzena de abril. A decisão foi tomada durante reunião com a Secretaria de Articulação Social do Estado, no final da manhã de ontem. Anteriormente, a retirada dos moradores por força judicial iria acontecer já na próxima quinta-feira, mas a luta para suspender a decisão começou logo cedo com a manifestação realizada no Centro. Em meio às chamas de fogo, gritos de protestos contra a atual gestão do município, trânsito paralisado e os olhares atentos dos policiais militares, os moradores do edifício estatal se manifestavam contra a ordem de despejo.
A ordem, segundo os manifestantes, foi avisada na semana passada, e desde então, eles estavam preocupados com a situação. O prédio onde os moradores estão residindo há três meses é um terreno federal que tem o IBGE como proprietário. Após longos anos abandonado, o órgão solicitou a reintegração de posse alegando, segundo os moradores, que as instalações não ofereciam infraestrutura necessária para a habitação.
Segundo os manifestantes que eram residentes do Edifício Trianon, localizado na avenida Guararapes, a ordem de despejo é um ato covarde e de falta de humanidade do juiz e do representante do IBGE. “Na época que estávamos no Trianon, a prefeitura disse que iria fazer um pré-cadastro dos moradores para colocá-los em habitações e que seria dado auxílio-moradia. Saímos de lá e não recebemos nada. Tivemos uma reunião com o representante do IBGE há 15 dias e pedimos 120 dias para buscarmos soluções. Eles ficaram de nos dar uma resposta sobre o prazo de 120 e 90 dias. Aí, na última quinta-feira chega uma ordem judicial de despejo. Eles não foram sensíveis em observar que são famílias que moram lá”, argumentou o coordenador geral do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Arão Bezerra da Silva.
Enquanto acompanhava a manifestação atentamente, a dona de casa Tatiana Maria de Araújo, 24, uma das moradoras do prédio, afirmava ser muito difícil viver com o seu filho, o pequeno Paulo Henrique, de um ano e sete meses, em meio ao impasse por uma moradia digna. “Acho muito ruim viver assim. Estamos lutando pelo nosso direito a uma casa. O prefeito está nos dando às costas. Queria que resolvesse logo isso e colocasse a gente numa casa”.
Negociação
Após quase um hora de interdição dos dois corredores da avenida Conde da Boa Vista, os moradores seguiram, em fila indiana, até o prédio da Secretaria Estadual da Copa, no Recife Antigo. Durante o percurso, que se deu pelas avenidas Guararapes e Dantas Barreto, e rua Madre de Deus, entoadas de revolta foram deferidas contra a atual gestão municipal. Já no prédio da secretaria, os manifestantes foram recebidos pela representante da Secretaria Estadual de Articulação Social e Regional (SEASR). Depois de um breve diálogo com a mesma, seis moradores foram encaminhados para a sede da SEASR, na rua Gervásio Pires, Boa Vista. Lá, após serem recebidos pela secretária-executiva de Articulação Social, Luciana Avezedo, os moradores conseguiram suspender o despejo até o dia 15 de abril. Nesse intervalo de tempo, os integrantes do movimento informaram que iriam se articular com o Ministério das Cidades, em Brasília, para viabilizar a compra do prédio para moradia. Em nota, Luciana ainda sugeriu que fosse marcada uma reunião com a Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab) e o IBGE após o retorno dessa viagem.
Mídia corporativa: Folha de Pernambuco
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