sábado, 21 de janeiro de 2012

Autonomias da UFPE ou quando uma faculdade é invadida pela PM

Otávio Luiz Machado (Pesquisador do Programa Juventudes, Democracia, Direitos Humanos e Cidadania da UFPE);

e-mail: otaviomachado3@yahoo.com.br
face: http://www.facebook.com/profile.php?id=100000003300640



O caso da invasão policial da Faculdade de Direito da UFPE com o lançamento de bombas de efeito moral e de balas de borracha contra os estudantes que se encontravam naquele ambiente na última sexta-feira (20-01-12) já repercutiu bem e ainda deverá ser objeto de atenção por um bom tempo, porque realmente as cenas que a imprensa pernambucana divulgou são muito fortes e geraram muita preocupação a todos que lutam pela democracia brasileira. 
  
Mais o grave nessa história é ver que diversas pessoas querem com essa situação complicada piorar ainda mais o caso, inclusive adotando a mesma mentalidade e lógica que a tropa de choque utilizou.

A direção da Faculdade de Direito primeiro precisa se manifestar e pedir providências diretas junto à Reitoria no sentido de que o Governo Estadual dê explicações sobre o acontecido. Daí o Reitor Anísio Brasileiro precisará embasar seu pedido com as determinações legais da Procuradoria Jurídica e, se quiser ir além, também poderá propor ao Conselho Universitário a emissão de um voto de repulsa a esse ato que fere a Faculdade de Direito e a própria instituição. Só uma notinha via Assessoria de Comunicação da UFPE em nada valerá para impedir que isso volte a se repetir, porque só em tempos de ditadura militar a FDR sofreu.

Pelo raciocínio de um candidato derrotado à Reitoria da UFPE no último pleito, o próprio Reitor deveria intervir diretamente no caso passando por cima da diretora da FDR, inclusive emitindo ordens e dando o serviço para que ela cumprisse. Os centros possuem autonomia, também. O Reitor da USP quis interferir tanto na Faculdade de Direito de lá que recebeu o título de "persona non grata" da Faculdade pelo Conselho daquela Faculdade. Tem gente com saudades profundas da figura do Reitor-Ditador.

A UFPE já sofreu demais com atos autoritários ao longo de sua história, que atingiu figuras de reconhecimento mundial como Paulo Freire - que foi expulso pelos militares em 1964 sob a alegação de doutrinarismo comunista e por construir uma obra de desinteresse do País -, mutilou estudantes como Cândido Pinto em 1969 ou até serviu para a desova do corpo do Padre Henrique nesse mesmo ano. E tantos e tantos outros episódios! 

Querer criar outro atentado à UFPE com o uso da miopia acadêmica e da indigência política dirigindo-se à direção da FDR e dos seus membros da comunidade a partir da sugestão de uma manipulação esdruxula do Reitor é o fim da picada. Em defesa das autonomias , sempre.

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