terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Relato do protesto contra o aumento das passagens (11/01)


Hoje, 11 de janeiro de 2011, algumas agremiações estudantis puxaram um ato contra o aumento das passagens de ônibus. Não se sabe exatamente com quantas pessoas o ato contou em seu auge: alguns estimam 500, outros 200, mas na maioria dos casos esses números representam muito mais um posicionamento ideológico da mídia corporativa do que um rigor matemático.


A passeata ficou dividida em dois blocos: o primeiro era formado por organizadores ligados a partidos políticos (Partido Comunista “Revolucionário”) e a determinadas agremiações estudantis (UESPE, UBES, UJR e seus falsos DCE’s universitários, conquistados à base de golpe e mantidos por imposição e acordos politiqueiros com a reitoria da UFPE); e o segundo bloco se constituía de outros grupos e indivíduos autônomos. O último, em sua maior parte, formava o comitê contra o aumento das passagens e dos parlamentares, e havia filiados ao PSTU ou PCB, anarquistas, dentre outros. Tal grupo garantiu um mínimo de luta e coerência dentro de um ato puxado e formado por entidades burocratizadas que estavam mais preocupadas em hastear bandeiras e fazer propaganda do que garantir um mínimo de luta efetiva.

O itinerário planejado pelas agremiações estudantis e partidárias, acertado provavelmente em acordo com a polícia e divulgado previamente na mídia, não causou grandes transtornos, tendo por objetivo apenas transitar no centro da cidade a caminho de uma reunião para uma possível negociação com o governo. Tal reunião ocorreu na sede da empresa Grande Recife Consórcio de Transportes entre os representantes dos empresários e uma comissão organizada pela diretoria das entidades interessadas na disputa de poder pelo governo do Estado . Um verdadeiro teatro da política, com peça já montada e ensaiada pelas duas partes, a fim de mostrar pra o público o teatro da democracia: os empresários aumentam as tarifas e os estudantes protestam. Assim, é aberta uma negociação, mas tudo fica como está, proporcionando lucros aos empresários e prestígio político às entidades burocratizadas, que posam de combativas.

Felizmente o outro grupo ( indivíduos autônomos, anarquistas e militantes do PSTU e PCB) não pretendia ser mais um espectador desse teatro da política, e por iniciativa própria desviou o roteiro final, fechando a via que, da Avenida Sul, dá acesso ao centro da cidade. A via ficou interditada por cerca de duas horas, e, segundo rumores, o trânsito ficou parado até o bairro de Piedade. Nesse momento a Empresa de transporte exigiu que a via fosse desobstruída para que houvesse alguma negociação com a comissão pré-definida. Os burocratas estudantis desceram dos carros de som para convencer os demais a se retirar da pista, inclusive foi oferecida uma vaga na comissão para o grupo que insistia em fechar a via – grupo este xingado de “radical” pelo líder estudantil do PCR. Duas pessoas do “grupo dos radicais” foram designadas para acompanhar uma reunião entre os representantes dos empresários e os que se dizem representantes dos estudantes, no intuito de observar o caráter da negociação de perto.

O grupo que questionou e desviou os rumos do protesto provou que não há necessidade de buscar negociação com o Estado. Esta não deve ser a atitude primeira. É o Estado que deve sentir a necessidade de negociar com o povo, pois as grandes conquistas partem da pressão que se faz nas ruas. Direitos não se pedem, se conquistam. A reunião encenada não é nenhuma vitória. A única vitória que o Recife viu hoje partiu da pressão feita nas ruas.

Fortaleça essa luta. Quinta-feira, 13 de janeiro, compareça ao ato contra o aumento das passagens e do salário dos parlamentares, e contra a expulsão dos ambulantes das ruas do centro do Recife. A concentração será na Praça do Diário às 14h. Participe, as ruas precisam de você!

fonte:Recife Resiste!

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